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A frota brasileira atualmente engloba 20 000 000
de automóveis. Isso significa que boa parte dessa quantidade
de carros disputa, diariamente, o mirrado espaço viário destinado
a eles nas grandes cidades. É por isso que se vê muitos carros
estacionados em locais proibidos e engrossando congestionamentos
monstruosos. E a idade média da frota? Metade dela tem mais
de 10 anos de uso. Agora eu pergunto: um carro com 10 anos
é um carro velho? Alguém ficaria envergonhado em circular
por aí em um "velho" Fiat Uno 1990, praticamente idêntico
ao que sai da loja hoje, zero quilômetro? Nem tanto. Em 1977,
quando entrei na faculdade, meu querido Fusquinha já tinha
10 anos, e nenhum de meus colegas tinha carro com mais de
3 anos de uso. E a gozação era grande. Ninguém entendia como
eu poderia gostar mais daquele carrinho do que os novos Passat
TS que faziam a sensação do momento. Coisas de quem tem graxa
nas mãos. Mas os tempos atuais são mais compreensivos, além
do fato de que os modelos mais novos hoje não assim tão diferentes
como naquela época, em que cada novidade era uma grande surpresa
em termos de visual. Por outro lado, os usuários de automóveis
eram menos exigentes em termos de dirigibilidade. Dirigia-se
qualquer coisa, pois tecnicamente falando a evolução era muito
lenta. Hoje a maioria dos motoristas não abre mão da direção
hidráulica, e alguns do freio ABS. Uma coisa é verdade: os
carros hoje são mais seguros, mais confortáveis e bem mais
fáceis de serem manejados.
Mudando de assunto, vocês devem lembrar de quando
eu contei a história do sorvete de limão, nesta coluna (janeiro/2000).
A foto mostrava um VW Lorena bonito, mas a história era a
de um Lorena horrível, que acabou batendo o recorde brasileiro
de velocidade na categoria. Pois é. Lendo esta coluna, dois
fotógrafos se comoveram e me procuraram. Um deles, o Cláudio
Larangeira, porque era amigo do dono do Lorena bonito, na
época. O outro era Jussi Lehto, decano na profissão de clicar
acontecimentos. Foi ele quem me trouxe essas duas fotografias,
tiradas naquele dia. Como eu havia dito, o carro era realmente
feio. Que diga o santantônio, feito de cano.
Publicado na Revista CARRO
número 80, junho de 2000, página 23
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